segunda-feira, 1 de junho de 2009

Técnico em Comunicação Visual

PIONEIROS DA COMUNICAÇÃO VISUAL
ALEXANDRE WOLLNER

As grandes exposições resultantes da primeira Revolução Industrial (1760 até 1880) são o ponto de partida do que hoje denominamos comunicação visual. A criação do Arts & Crafts Exhibition Society, em Londres (1888), deflagra um comportamento de funções nas artes aplicadas. Estas se liberam da tradição de fiéis seguidoras dos movimentos de arte. Artistas e poetas como William Morris (1834-96); Toulouse-Lautrec (1864-1901), Filippo Tommaso Marinetti e Guillaume Apollinaire passam a produzir livros, cartazes e manifestos conferindo à ‘tiragem’ o mesmo valor que a peça única original. O processo gera o profissional de artes gráficas que divide suas atribuições entre a arte aplicada e a pura especulação artística e forma-se o conceito indevido do pintor, gravador, ilustrador e desenhista como criador dos meios visuais de comunicação que persiste ainda hoje, no Brasil, por exemplo.

Há diferenças fundamentais entre o profissional atual e o gerado pelo novo comportamento nas artes aplicadas durante o desenvolvimento da era industrial, pois a própria função das artes visuais aplicadas também evoluiu com a implantação de novos e complexos meios de comunicação visual. Até o surgimento da Bauhaus (1919-32) predomina o pintor/gravador/ilustrador, cuja função atinge as artes aplicadas sem estar necessariamente voltada para os meios de impressão, ou para os problemas de percepção próprios da linguagem da comunicação.

A partir da confluência dos propósitos da Bauhaus, das ‘campanhas’ De Stijl (1917-32), das idéias construtivistas (1910), do dadaísmo (1916-24), da teoria da Gestalt (1913-36) e da evolução do posicionamento da arte face ao desenvolvimento industrial, vão-se estruturando atribuições específicas do profissional de artes gráficas, que passa a penetrar na função dos elementos visuais para solucionar problemas de legibilidade e percepção sem, contudo, abandonar a preocupação da peça única e raramente enfrentando a totalidade do conjunto dos meios de comunicação.

De fato, somente após a Segunda Guerra Mundial é que se desenvolve a figura do designer gráfico como um especialista nos problemas técnicos da criação dos elementos estruturais do comportamento visual, um profissional que desponta, a partir dos anos 50, após o aparecimento dos grandes conglomerados industriais, em plena evolução dos meios de comunicação de massa, e que passa a programar os meios de comunicação através da estruturação racional, eficiente, não só da comunicação em si, mas em função do somatório de elementos técnicos, econômicos e materiais — enquanto elementos de identidade visual —, ou seja, o profissional que hoje denominamos programador visual ou designer gráfico.

Essas três etapas exigiam não só um treinamento cada vez mais especializado como criaram a necessidade de preparação de um profissional com conhecimentos suficientes para poder trabalhar com gráficos, especialistas em mercadologia, executivos, e que em sua formação, acabou recebendo um treinamento superior e específico.

No Brasil, atualmente, os três tipos de profissionais coexistem e continuam sendo solicitados, às vezes indevidamente, para a solução de problemas de comunicação visual, e é importante redefinirmos as suas áreas de atuação: o pintor/desenhista/gravador (metal, madeira, pedra), disponível no mercado como ilustrados de livros, capas de disco etc.; o artista gráfico com noções de arte e conhecedor de princípios técnicos (impressão, tipo, cores etc.), atuante no mercado nas funções mais elevadas de diretor de arte em publicidade ou em editoras de revistas etc.; e o designer gráfico, programador racional dos meios de comunicação visual e da elaboração de programas de identidade visual.

Ao fazermos um levantamento das participações desses profissionais no mercado brasileiro, constatamos que ainda hoje predominam as atividades do artista plástico, quase em igual proporção às do artista gráfico, sendo a faixa de atuação do designer gráfico muito reduzida. Isto nos leva a organizar esse trabalho em duas etapas: na primeira, as manifestações pioneiras em comunicação visual no Brasil que se desenvolveram a partir das primeiras décadas deste século até hoje, e as três categorias de profissionais já mencionadas; e na segunda, procuraremos identificar os designers gráficos pioneiros da comunicação visual no Brasil.

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